Minha relação com a beterraba é estranha. Às vezes amo, noutras odeio. Tudo depende da forma. Beterraba cozida, por exemplo, me incomoda. Já a crua, gosto. E a assada, amo. Mas sempre comi beterraba. Costumo dizer que não há nada que eu não coma, apenas tem algumas coisas pelas quais me esforço para ter à mesa e à boca e outras pelas quais não movo uma palha. A beterraba oscila entre as duas classificações.
À beterraba. Apesar dos gregos já consumirem a hortaliça na antiguidade, costumavam apreciar mais as folhas, que a raiz então muito pequena. Essa mais bulbosa, do jeito que a conhecemos hoje, só surgiu no século 16, provavelmente na Itália, segundo o livro 1001 Comidas Para Provar Antes de Morrer (ed. Sextante). As folhas e os brotos (muito valorizados), ainda são consumidos. Mas a beterraba ganhou o mundo e hoje cresce em diversos lugares de clima temperado, inclusive aqui no Brasil, variando na cor e no sabor de acordo com a região.
Há inclusive variações mais raras como a beterraba golden, mais macia e lisa, de um amarelo gema intenso (foto acima) e dizem, excepcionalmente saborosa. Vou em busca, porque nunca provei. E também a listrada, chamada Chioggia, conhecida também como beterraba alvo. Linda, pois alterna camadas brancas e vermelhas. É por isso, é mais cultivada pela aparência que pelo sabor. O que obriga a ser consumida crua, já que uma vez cozida perde-se o efeito visual e as cores se uniformizam (foto abaixo).
A tradicional, tem doçura e sabor terroso que caem bem com defumados como bacon e salmão, creme azedo, queijo de cabra, laranja, açúcar mascavo e coalhada seca (os dois último usados na nossa receita de hoje). Na hora de comprar, fique de olho nas folhas que devem estar verdes e brilhantes e a raiz sem mofo ou rachaduras. Seu auge é entre agosto e outubro (atrasada, eu sei). Duram até 15 dias na geladeira. As menores são mais tenras e suculentas e as maiores mais fibrosas.
Um dia desses, sem fazer nada e sem nada muito bom pra fazer, que eu eu encontrei no fundo da gaveta de legumes da geladeira uma porção de pequenas beterrabas. Daí nasceu a Pedra de Beterraba. Eu queria algo caramelizado para uma salada agridoce para acompanhar uma carne, mas que não fosse cebola ou cenoura. Peguei a beterraba, temperei com açúcar mascavo, pimenta preta, sal e azeite e tasquei no forno. Deu certo!
O meu improviso resultou em beterrabas suculentas, com uma cor rubi linda, gosto doce tostado, e um molho caramelizado, quase uma calda. Já dava para comer só isso. Mas ai eu já emocionei e juntei outras sobras. Um resto de coalhada seca, algumas folhas de rúcula e alface roxa e uma parcos aspargos não tão frescos, mas que na grelha ganharam nova perspectiva. Passei um bom bife mais ou menos nesse estilo aqui de suculência. E pronto, virou banquete. A seguir, a receita da pedra, com a salada.
RECEITA
Pedra de Beterraba
Ingredientes
Beterrabas
Açúcar mascavo (mais ou menos uma colher de sobremesa para cada beterraba média)
2 colheres de sopa de viagre balsâmico
Sal e pimenta preta a gosto
Azeite para untar a forma
Preparo
Corte as beterrabas em quartos e depois em oitavos. Coloque na assadeira com o o açúcar e os outros ingredientes, misture bem e leve ao forno até ficarem macias e bem escuras. Deixe esfriar. Para os aspargos veja o modo de preparo aqui nesse post. Monte a salada com as folhas de rúcula
Salada de pedra de Beterraba com Aspargos, Folhas e Coalhada Seca
Ingredientes
Folhas de rúcula e alface roxa (pode outras, mas as escuras caem melhor)
Aspargos grelhados
Coalhada seca
Azeite
Sal e pimenta a gosto
Preparo
Monte a salada com as folhas, os aspargos, a pedra de beterraba e tempere com a coalhada, o azeite e a pimenta. Sirva com uma boa carne.
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