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Eu compro praticamente todas as minhas verduras com o Seu Jorginho, que é avô do marido da minha amiga. Ele tem uma horta orgânica cuidada com muito carinho. Cada pedaço de terra tem alguma planta diferente e o Seu Jorginho gosta de novidade, então vira e mexe me mostra um novo ingrediente que está crescendo por aqueles cantinhos. Dificilmente eu saio de lá sem aprender algo com esse senhor de 72 anos, cheio de amor e respeito pelos alimentos. Numa das minhas primeiras visitas descobri que um matinho mantido em volta dos canteiros da horta fez parte do sustento da sua família nos tempos difíceis de pouco dinheiro. Assim eu conheci a serralha e muitos outros matos comestíveis ricos em vitaminas e minerais. Pesquisando, soube que os tais matos vêm sendo bastante explorados e têm até um nome simpático: PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais). Muitos deles são considerados matos para uns mas são comidas habituais para outros, tudo depende do lugar. Por exemplo, na Argentina, o agrião cresce nas beiras dos rios e é desprezado pelos moradores.

Este fim de semana eu ganhei algumas PANCs do Seu Jorginho e resolvi usá-las por aqui. Logo teremos outras espécies para explorar, mas vou começar com essas três que estão em abundância nesta época. Na ordem da foto acima temos: Beldroega, Caruru e Serralha.

Beldroega

A Beldroega é uma planta que sinaliza que o solo está fértil. Ela pode ser refogada, mas seu sabor é tão suave que também fica gostosa crua, misturada a outras folhas em saladas. É rica em vitamina C e tem propriedades laxativas e diuréticas.

Caruru

Primo do amaranto, o caruru é uma planta de fácil cultivo muito rica em sais minerais, potássio e ferro. Fica ótima refogada.

Serralha

Bastante amarga, tem sabor semelhante ao da catalonia. Fica gostosa picadinha e refogada. É rica em vitaminas A,B,C, em cálcio e ferro.

Preparo das PANCs:

A beldroega eu apenas separei dos talinhos e juntei à salada de rúcula e alface.

A Serralha e o Caruru refoguei separadamente, fritando-os no azeite com cebola e alho.

A Serralha eu fiz picadinha. O Caruru tem as folhas pequenas, um pouco maiores que o manjericão, então apenas separei dos talos e refoguei inteiras mesmo. Tudo em fogo bem alto para não formar muito líquido.

Depois de refogar o Caruru, achei que o seu sabor combinaria como recheio de massa. Fiz uma focaccia, adicionei queijo minas padrão, que era o que eu tinha em casa, e levei pra assar. Ficou delícia e minha irmã, que foi jantar em casa, pensou que estava comendo escarola. Acho que o Caruru tem um sabor um pouco mais forte, mas quem gosta de escarola com certeza vai se deliciar com ele, que também deve ficar ótimo como recheio de pizza e esfiha. Foi assim que pensei, mas se descobrirem outros usos, me contem!

*Marina Kawata é jornalista e especializada em gestão de empresas, mas é na cozinha que encontrou sua paixão. É vegetariana e acredita que a alimentação saudável é a chave para a saúde, desde que a comida seja gostosa!

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