Recentemente fiz uma pauta para o UOL sobre as louças dos chefs. A ideia era mostrar onde os chefs compram os utensílios que usam para levar sua comida à mesa. Se você é vai a restaurantes ou consome conteúdo gastronômico, já deve ter observado o cuidado especial que tem rolado com essa parte do serviço.

Prato do Atelier Muriquei para o Brasil a Gosto

Isso porque a intensão vai além da estética e passando por um amadurecimento do trabalho, tanto dos ceramistas quanto dos chefs.  Muitos pensam no menu  junto com os artistas e outros garimpam peças em antiquários  feiras e fora do país.  

A exemplo da ceramista Hideko Honma, uma das mais celebradas de São Paulo, que faz louças para chefs como Bella Masano (Amadeus) e Ligia Karazawa (Clos de Tapas), ambas de São Paulo. Hideko, que estudou a arte da cerâmica no Japão, na cidade de Arita – capital japonesa de porcelana que detém a maior feira de cerâmica do país, a Arita Ceramic Fair – conta que lá os utensílios tem muito significado.

“Tudo na mesa japonesa tem uma função. Os pratos e talheres foram pensados especificamente para um fim. As cores, formas e até a posição em que é servido tem um sentido. Para os japoneses, a refeição é sagrada e deve ser contemplada como tudo no mundo”, conta. Ela explica que ao comer deve-se sempre fazer uma observação sobre o prato, isso é uma homenagem a quem preparou. Além disso, jamais se deve deixar comida no prato. É um desrespeito, além dos desperdício.

Outra que tem uma relação estreita com os chefs é a ceramista Gisele Gandolfi, do Ateliê Muriqui. É dela os pratos do restaurante Brasil a Gosto, da Ana Luiza Trajano,  do Mocotó, de Rodrigo Oliveira e do Attimo, de Jefferson Rueda.  Gisele, que produz suas peças num sítio em Embu das Artes, usa técnicas bem semelhantes a de Hideko (barro, forno e pigmentos naturais brasileiros). Mas no caso dela há uma busca pelas texturas. “Gosto de imprimir na louça a textura dos alimentos, sementes e folhas e até animas”.

Já Renata Vanzetto, para o seu Marakuthai, garimpa peças em brechós, feiras, antiquários não só no Brasil como fora. Lá não existe uma preocupação com padrão e pratos combinando. A ideia é mixar mesmo. Quem faz a parte da seleção é sua mãe. O chef Tsuyoshi Murakami, do restaurante japonês Kinoshita, também é a favor do garimpo. “Todos os anos vou pra Arita (a já citada cidade japonesa) em busca de louças para um novo menu. Chego a comprar mais de 3 mil peças”. A notícia boa é que se você gostou das peças, pode comprar algumas sem grandes problemas. Tanto Hideko quanto Muriqui vendem também para público final. E tem peças bacanudas a preços bem acessíveis. Há cumbuquinhas de R$ 20, 30. Xícaras, copos e outras miudezas que podem dar muito charme a sua mesa sem pesar no bolso. Sem contar que são ótimos presentes né?

Para peças como as do Marakuthai, tem de garimpar. Uma dica boa para quem está ou vem a São Paulo são as feiras de antiguidade. Todo sábado na Praça Benedito Calixto e aos domingos, a Feira de Antiguidades do Bixiga e a do vão livre do Masp. Tem ainda o Velhiquário, também no bexiga, que vende arte sacra, esculturas e porcelanas.

SERVIÇO

Atelier Muriqui
R Inocêncio Unhate 66, São Paulo, SP
[email protected]
Tel.: (11) 3875-2926

Atelier Hideko Honma 
Rua Pintassilgo, 429, São Paulo, SP
Tel.: (11)5042 4459

Velhiquário
Rua Treze de Maio, 752, São Paulo, SP
Tel.: (11) 3263-1001 

Feira de Antiguidades do Bixiga
Horário: domingos, das 10h às 18h
Endereço: Praça Dom Orione, São Paulo, SP

Feira de Antiguidades do Masp
Horário: domingos, das 10h às 17h
Av. Paulista, 1578, São Paulo, SP
Tel.: (11) 3251-5644 (do Masp)

Feira de Artes, Cultura e Lazar da Praça Benedito Calixto
Praça Benedito Calixto, 112,  São Paulo, SP
Tel.: (11) 3083-1904 

 

 

 

 

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