Há alguns dias fui convidada para participar da abertura do Taco Tuesday Brasil, evento que acontece todos os anos em São Paulo com o objetivo de promover a cultura do taco no Brasinha. Durante o festival, inúmeras casas da paulinóia, servem tacos e margaritas em dobro.

Essa é uma oportunidade única para vivenciar essa espécie de ritual mexicano dos tacos, a clássica combinação de tortilla, recheio e salsa.  Talvez (ou com certeza?) a comida de rua mais representativa do México.

Segundo Hugo Delgado, mexicano gente boa radicado no Brasil e sócio do amável restaurante Obá, em São Paulo, e mentor do Taco Tuesday Brasil, comer um taco nas ruas do México é como comer um pastel na feira para nós. Uma refeição livre de toda e qualquer formalidade que nos permite 100% de entrega e liberdade.

Autênticos tacos que comi na Cidade do México há 10 anos

Quem anda por essas cercanias desmedidas sabe que eu amo o México. Graças aos sem número de posts que eu já fiz sobre esse país mágico e suas receitas complexas e ricas em sabor, que tive a oportunidade de provar in loco. Dios mio, quanto sabor!

 

Eu sendo jovem nas pirâmides de Teotihuacan

Mas de tudo que comi por lá e de lá, os meus favoritos mexicanos sempre serão os moles (clique para ler detalhes).  Pouca gente por aqui conhece esse prato tão tradicional no México. Isso porque, para nossa tristeza, temos um vocabulário bem restrito sobre o receituário mexicano. Muito focado no Tex-Mex (texanos e mexicanos), a famigerada fusão entre as cozinhas  do sul dos EUA e norte do México, decorrente das criações culinárias de Tejanos.

Para quem não conhece, os moles são molhos ricos e exóticos, que levam mais de 20 ingredientes entre eles pimentas, especiarias, frutos secos, amêndoas e, algumas receitas, chocolate. Têm origem pré-hispânica. Há registros de que os Astecas já preparavam para grandes senhores o então chamado mulli, (que significa guisado ou mistura na língua indígena nahuatl). Já era um prato completo que podia levar uma centena de ingredientes.  Entre eles o chocolate, que faz parte da história da América Central com registros de cultivo que datam de 4000 a.c.

Na cultura mexicana existem um sem número de receitas de mole com sabores distintos. Como nas massalas indianas, muitas famílias mantém em segredo suas combinações de tempero para o preparo do molho. A própria Frida Kahlo tinha sua receita. No seu museu (Casa Azul), há uma cozinha com todos os utensílios utilizados para a confecção do tradicional mole.

Cozinha da Frida Kahlo eque hoje é um museu. Ela amava o mole poblano

Eu nunca tinha feito o mole verde, principalmente porque no Brasil é praticamente impossivel achar tomatillos, uma espécie de mini tomate verde, típico da flora mexicana. Até que pesquisando vi alguns site sugerindo trocar por tomates verdes, claro que não é a mesma coisa, mas é um bom engana trouxa. Então até que eu consiga cultivar tomatillos seguirei deturpando a receita. Abaixo, compartilho com vocês minha saborosa versão fake de mole verde para comer com frango assado.

Ingredientes

1 xícara de pepitas (sementes de abóbora descascadas)
4 Tomates verdes (não temos tomatillos, alguém planta tomatillos no Brasa pelo amor da Virgem de Guadalupe!?) descascados e divididos pela metade
3 xícaras caldo de frango caseiro
1 xícara de cebola branca picada
2 pimentas jalapeños médias picados (remova as sementes para um molho mais suave)
1 xícara de folhas de coentro frescas picadas grosseiramente
1/2 xícara de folhas de alface romana picadas grosseiramente
1 colher de sopa de alho picado (cerca de 3 dentes médios)
1 colher de sopa de banha ou azeite
Sal a gosto

Preparo

Em uma frigideira em fogo médio-alto, torre as pepitas até que elas comecem a dourar, cerca de 5 minutos. Transfira para um liquidificador/processador e processe até ficar bem moída.

Junte os tomates , o caldo de galinha, a cebola, os jalapeños, o coentro, o alface e alho no liquidificador. Purifique até ficar homogêneo.

Aqueça a banha ou o azeite em uma panela média em fogo alto, adicione a pasta pura e cozinhe, mexendo constantemente até engrossar, cerca de 10 minutos.

Junte o restante do caldo de galinha e deixe ferver. Reduza o fogo e cozinhe por mais 10 minutos. Use imediatamente ou transfira para um recipiente hermético e armazene na geladeira por até 3 dias, reaquecendo antes de usar.
Sirva com frango, porco ou camarão.

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