Imagine palitinhos de frango enrroladinhos um a um, recheados com bacon e depois submersos em um maravilhoso molho trabalhando nos cremes e temperos. Trata-se do estrogonofe DE FRANGO COM BACON ou a melhor larica da história. Aquele tipo de receita que ignora solenemente os 10 mandamentos alimentares da nutrição pós-moderna que se você não segue morrerá no ano que vem.

Aqui tem carbs (dois tipos), tem bacon, tem frango e tem lactose (dois tipos), tem catchup e tem mostarda. Esse prato é praticamente um ato de resistência do molho rosê raiz oitentista que construiu o paladar de metade da nação brasileira.

Mas também tem história. Eu aprendi essa receita com a mãe de uma amiga querida a @. Numa fase difícil da minha vida de xófen estudante.  Recém-chegada do Goiás em São Bernardo do Campo, só 17, uma malona e muitos sonhos. No pensionato só para meninas deparei com um mundo novo e mais uma vez hostil. Ninguém gostava de mim. Assim, di grátis, eu que era cheia de amigos, líder da turma na minha terra, tarra ali, como diz meu pai, jogada pras cobras. Aconteceu de tudo, no pior estilo sessão da tarde garotas malvadas.

E eu, que não sou de desistir, tava quase jogando a toalha e voltando a pé pra Rio Verde quando chegou a Melissa. Uma loura linda, rica e comédia. Com autoestima suficiente para não aderir ao bonde das “Maria vai com as outras” que convenciam a todas na pensão de que o mau do século estava personificado naquela neguinha caipira. Melissa, eterna namorado do Juninho, filha do tio Laerte e da tia  Duda, me chamou de amiga, me levou pra casa da família para fins de semana maravilhosos, me trouxe a mala da Paloma (<3), dividiu apartamento comigo por uns 5 anos e me apresentou o estrogonofe de FRANGO COM BACON NO PALITO.

(Mel, obrigada por dividir suas marmitas comigo e por ter um dos caráteres mais fortes que já conheci. Sempre que como essa receita lembro de você e da sua grande, amada e acolhedora família. Saudades sempre.)

Eu sei que posso apanhar por esse post polemicamente saudosista e malandramente indulgente. Mas tamos aí, dando a cara a tapa em nome do apego, da memória afetiva e do amor envolvido em cada garfada que damos na vida. Só pra lembrar que comida é muito mais que proteína, carboidrato, açúcar e gordura.

Vem que tem.

 

Corte o filé de frango em tiras como na foto em cima, tempere com pouco sal e pimenta-do-reino. Aqui tem 500g, mas desapegue da quantidade, pense na sua fome.  Corte o bacon em tirinhas finas também como na foto.

Faça rolinhos com o o frango envolvendo o bacon. Como no vídeo acima. Reserve e vá para o molho.

Coloque na panela 2 latas de tomate pelado, 2 colheres generosas de manteiga sem sal, uma cebola grande cortada ao meio. Tempere o molho com páprica picante e doce em pó, pimenta-do-reino moída, noz-moscada, 1 colher de sopa de catchup, 2 colheres de mostarda, uma pitada de sal e deixe ferver por até que fique um molho grosso.

Quando o molho estiver bem grossinho, acrescente cogumelos paris (umas 200g), o frango no palito e 1 xícara de vinho branco seco. E deixe reduzir de novo porque o frango e vinho vão deixar o molho mais ralo.

Quando o frango estiver cozido e o molho reduzido, acrescente o creme de leite. Eu usei o fresco, mas o de lata serve também.

O creme não deve ferver. Então abaixe bem o fogo ou desligue e mexa bem para todo mundo fazer amizade com ele. E está pronto.

Sirva com arroz branco e batata coradas, fritas, cozidas ou assadas. O importante aqui é a REDUNDÂNCIA de carboidratos.

 

E lembre-se sempre: Quem põe a mesa, todo dia, seja em casa, na vida, no quilo e no PF da esquina ou no restaurante estrelado, tá pondo ali um pouco da sua história e do que tem pra dar.  E no fim, o que todos querem e esperam é ficar plenamente satisfeitos.

 

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