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Essa semana no Café com a Comadre a dúvida é: É possível fazer um bom café com Coador de Pano? Por que alguns especialistas tem tanto preconceito com o método caseiro?  *Ensei Neto responde. 


Comadre, t
odas as formas de preparar um café são boas!

É puro preconceito dizer que um método é pior ou melhor do que o outro porque simplesmente está se levando em conta a preferência de cada pessoa!
E como você bem sabe, cada pessoa é um indivíduo (aliás, como tudo na Natureza!) e por isso, não existem duas pessoas que pensam ou percebam as coisas do mesmo jeito.
A questão mais importante é fazer a distinção entre Método e Produto. É como querer andar num carro possante abastecendo com gasolina adulterada: não dá. Logo, uma boa resposta do carro vai acontecer com uma boa gasolina.
Por outro lado, não basta dar uma moto possante para quem mal se equilibra numa bicicleta com rodinhas…
O “piloto” é também importante!
Um café preparado num Coador de Pano tem o seu charme e magia. E é nele que se faz um clássico e bom Cafezinho (veja que grafei a inicial com maiúscula porque é o nome de um Método).
O passo a passo, que muitas venerandas senhoras do interior ainda executam é bem simples: uma água de boa fonte, grãos de muito boa qualidade (isso é sempre muito importante!) moídos recentemente e um Coador de Pano.
Quando a água estiver a ferver, despeje o café moído finamente e mexa até ficar bem misturado.
Apague o fogo. Despeje a água com o pó no coador de pano, que deve ter um bule abaixo.
O aroma do café vai se esparramar generosamente pelo ambiente enquanto um quente Cafezinho preenche o bule.
O maior tempo de contato do pó de café, moído mais fino, com a água fará uma extração maior da Cafeína, daí o sabor previsivelmente amargo que se assemelha ao do jiló. Lembre-se: esse é um amargor aceitável e esperado.
A trama do coador de pano não é tão fechada quanto um terno de lã Super 120, por isso um pouco do óleo acaba passando para a bebida.
Outro detalhe: o tradicional Cafezinho é feito numa concentração considerada alta, algo como 10% de massa ou as famosas 5 colheres de sopa (cheias) para um litro de água. No entanto, nada impede que você possa fazer um pouco menos concentrado (que tal experimentar com 4 colheres de sopa?), deixando a bebida menos parruda e, portanto, mais elegante, ficando mais fácil perceber todos os sabores.
Garanto que a experiência de beber esse Cafezinho sempre será deliciosa!
E a cada gole você compreenderá que é preconceito bobo não apreciar um café preparado dessa forma…

ENSEI NETO é Músico, Engenheiro Químico com Especialização em Tecnologia de Alimentos e Marketing, consultor especialista em Gestão Sensorial e autor do blog The Coffee Traveler

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