Para mim, um dos seus melhores papéis é no steak tartare, tradicional prato a base de carne crua temperada e gemas. Não é certo, mas é comum creditarem a receita aos tártaros, povo nômade da Ásia Central que viviam sobre os lombos de seus cavalos e ali armazenavam mantimentos e os comiam. Inclusive, suspeita-se que a carne usada era dos próprios cavalos quando esses morriam (há registros da receita original com carne equina). Reza a lenda que a força dos tártaros liderados por Átila, rei dos Hunos, vinha da ingestão de carne crua, o que ajudou a difundir o prato.

Na história mais recente, consta na edição de 1921 de Escoffier – Le Guide Culinaire uma receita similar ao steak tartare definida como bife à l’Americaine, servido sem gema  escoltado pelo molho tártaro.  Hipóteses a parte,  certeza só se tem de que  foram os franceses que adotaram e consagraram tal receita.

E eu, como sou sem noção, escolhi tal preparo para servir ao amigo francês de família com tradição gastronômica, especialista em carnes, bom de garfo e de paladar apurado. Só na hora de servir é que me toquei da ousadia.

Graças a deus minha falta de noção não se estende às minhas habilidades culinárias. O amigo francês gostou. Gostou tanto que se sentiu na numa brasserie na França ao comer o meu “quibe cru” (apelido ‘carinhoso’ que os amigos goianos presente na orgia deram ao steak tartare).

E a brincadeira seguiu. Cada garfada comprovava a superioridade das carnes. Todos os cortes, cada um com sua graça surpreendia e fazia até os menos carnívoros presentes lamberem os dedos. Uma festim inesquecível que compartilho em parte com vocês, com uma das receitas que servimos.

Confira todos os passos para preparar um steak tartare

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