Não que precise de manual pra qualquer coisa nessa vida, ainda mais para encher a lata. Mas volta e meia alguém me pergunta que cerveja eu escolho quando o assunto é pilsen, a favorita dos brasileiros e do mundo todo. Dourada, leve, refrescante e pouco alcóolicas, ela é a cara do verão, da praia, do churras, das festas, dos botecos e do repeteco.

A pilsen caiu nas graças da humanidade desde a sua criação na cidade homônima, localizada na região da Boêmia, em 1842. Um tanto tardia considerando que a cerveja foi criada há mais de 6 mil anos. Mas nem por isso menos relevante: sua invenção é um divisor de águas no universo cervejeiro. Jogou o consumo da bebida lá pra cima e hoje detém 60% do mercado global.

No Brasil responde por 98% do consumo de cerveja, segundo a Abrabe (Associação Brasileira de Bebidas). Mas a boa notícia mesmo, é que com a onda cervejeira afoga, temos cada vez mais opções de rótulos de todos os estilo nas prateleiras.

São tantas opções, que vale à pena prestar atenção e tentar entender um pouco mais para ter uma bebida melhor no seu copo. Afinal, beber menos é beber com mais qualidade.

 

Manual do bom bebedor

1 – Diferentemente de alguns vinhos, cervejas não melhoram com o tempo. Fique atento ao prazo de validade. Para as cervejas artesanais, que têm durabilidade mais curta, isso é ainda mais importante.

2 – A cerveja é sensível à luz e ao calor. Armazene suas garrafas em lugar fresco e escuro, e agite o mínimo possível.

3 – Apesar do hábito nacional, cerveja boa não precisa ser estupidamente gelada. A temperatura adequada, dependendo do estilo, varia entre quatro e sete graus. Há tipos que inclusive não precisam ser resfriados. Caso contrário, anestesiará suas papilas gustativas e não dará pra sentir todas as propriedades da bebida, além de mascarar defeitos.

4 – A grosso modo o chope é cerveja não pasteurizada, sem conservantes. Tem que ser tomado na hora para não perder suas propriedades.

5 – Diferentemente do que se diz por aí, choca é cerveja que congelou e descongelou. Com o congelamento ela perde aroma, sabor e propriedades. A água se separa dos outros ingredientes e a recomposição não acontece.

6 – Cerveja puro malte é aquela que tem 100% de malte de cevada como fonte de açúcares. Já a cerveja comum é aquele que tem uma proporção de malte de cevada maior ou igual a 50%. A proporção e a escolha desses ingredientes variam entre fabricantes e interferem no sabor e na cor. Uma cerveja puro malte é mais valorizada. Já as que têm adição de milho e arroz são consideradas menos puras e com gosto diferente. Para saber se a cerveja tem adição de outros cereais, basta ler o rótulo. Geralmente estrá escrito que a bebida tem cereais não maltados na receita.

7 – À mesa, as Pilsen refrescantes e frisantes vão bem tanto com comidas leves, como saladas e frutos do mar, por afinidade quanto com embutidos condimentados e receitas apimentadas por contraste.

Confira os tipos de cerveja Pilsen, segundo a BJCP (Beer Judge Certification Program):

Bohemian Pilsener (Pilsen Tcheca): é o estilo original das cervejas feitas como em 1842.

Exemplos: Eisenbahn 5, Pilsner Urquell, Czechvar (Budweiser Budvar), 1795 Original Czech Lager, Staropramen.

German Pilsner (Pils): irmã da Bohemian Pilsener, produzida na região da Boêmia. A produção é adaptada às condições das cervejarias alemãs.

Exemplos: Dado Bier Original, Warsteiner Premium Verum, König Pilsener, Wernesgrüner Pils. etc.

Premium American Lager: boa parte das cervejarias produz suas próprias marcas Premium para atender a um mercado mais exigente quanto a aroma e corpo. Em geral, utilizam ingredientes selecionados, receitas especiais e aplicam estratégias de marketing para diferenciar esses produtos. A garrafa verde é uma delas.

Exemplos: Heineken, Beck’s, Bavaria Premium, Eisenbahn Pilsen, Colorado Cauim, Cidade Imperial Cerveja Clara, Damm A.K. etc.

Standard American Lager: de todos os estilos de cerveja, este é o mais popular. São as cervejas de prateleira e representa a maior parte das vendas no mundo. Geralmente levam outros componentes como fonte de açucares (os já citados cereais não maltados)

Exemplos: Budweiser, Antarctica Pilsen, Antarctica Pilsen Extra Cristal, Antarctica Original, Skol Pilsen, Bohemia Pilsen, Polar Export, Cintra, Nova Schin, Glacial, Devassa Loura, Damm Estrella, Patrícia etc.

Pilsens que valem a prova

Pilsner Urquell: a Pilsen original, considerada a primeira do mundo. Segue a Lei de Pureza (de 1516), ou seja, na composição encontram-se apenas malte, lúpulo, água e fermentos. De origem tcheca é fabricada pela SABMiller na cidade de Plzen (Pilsen), província da Boêmia. Preço médio: R$13

Wäls Pilsen: Pilsen de inspiração tcheca fabricada no Brasil pela cervejaria Wäls, em Minas Gerais. Tem mais presença de lúpulo e malte. Preço médio: R$ 15

Bamberg Camila Camila: brasileira de Votorantim (SP), essa é uma Bohemian Pilsener com amargor fino e fácil de beber. O nome é uma homenagem à música da banda Nenhum de Nós. Da Bamnerg, 600 ml. Preço médio: R$ 15,50.

Colorado Cauim: traz ingredientes brasileiros na receita, como a mandioca. O sabor é levemente adocicado e aroma floral de lúpulo. O nome é uma referência a bebidas indígenas feitas a base de fermentação de cereais e mandioca. Preço médio: R$12

Paulistânia: linha própria de cervejas puro malte Lager Premium produzidas pela importadora Bier Wein desde 2009. Disponível nas versões Clara (Pale Lager), Escura (Dunkel Lager) e Vermelha (Strong Red Lager). Preço médio: R$ 7

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