O pudim de leite tradicional é de origem portuguesa. Inventado bem antes do leite condensado, tem como base obviamente, leite, açúcar e muitos ovos. Mas muitos mesmo. Pra se ter uma ideia, encontrei uma receita no livro “Dicionário do doceiro brasileiro”, (editora Senac) que leva VINTE E QUATRO gemas. Os que não levam tantos ovos acabam por necessitar algum tipo de espessante, no caso a farinha de trigo ou o polvilho.

Os ovos são praticamente a base da doçaria portuguesa, que graças à colonização, nós herdamos. Tanto negros, quanto índios, não tinham o hábito da sobremesa. Fios de ovos, ovos nevados, queijadinha e quindim. Ah, o quindim. Tudo gostoso, tudo bem doce, tudo com ovo.

Mesmo não sendo muito de doces, contraditoriamente, minha preferência são os docíssimos portugueses. E dentre eles, o rei é o pudim. De preferência o da minha mãe, que apesar de negona, foge da tradição ancestral no amor pelos doces. O melhor pudim do mundo é o dela. Por motivos óbvios e  também pela calda moreninha, a leveza e a cremosidade. Perfeito. E com ela eu aprendi que pudim se faz com “leite moça”. E é assim que eu faço.

O leite condensado chegou por aqui em 1890, assinado pelo suíço Henri Nestlé. Na época, virou febre e passou a ser sinônimo de qualidade para as donas de casa. A mocinha estampada na lata, virou top of mind e até hoje é. O encontro com o pudim de leite português, provavelmente se deve ao marketing. “As companhias de alimentos descobriram que indicar receitas nas embalagens que levavam seus produtos como ingredientes aumentava a popularidade e o consumo”, explica Sandro Dias, professor de história da gastronomia do Senac. Um recurso básico e funcional usado até hoje.

Fato é que eu aprendi fazer o pudim de leite condensado. Não o da minha mãe, nem o da minha sogra, que também é uma delícia. Fazer pudim é como fazer arroz, algo pessoal e intransferível. Depende do forno, da forma, dos ingredientes, da ordem em que se mistura e até do humor da cozinheira. Talvez alguém se ofenda com a minha receita. Mas nem ligo, o que interessa é que ficou do meu gosto. Cremoso e sem furinhos.

Pudim de leite da Lara

Ingredientes
2 latas de leite condensado (gordice)
1 lata de leite (use a lata do leite condensado)
6 ovos caipiras

Para a calda
2 xicaras de açúcar
1 xícara de água

Preparo
Comece pela calda. Coloque o açúcar e a água em panela grossinha e leve ao fogo médio. Não mexa. Deixe ferver até ficar na cor de guaraná. Pegue uma forma redonda com furo no meio e forre com a calda, inclusive nas laterais, como se tivesse untando. Reserve.

No liquidificador coloque os ovos, o leite condensado e o leite. Bata por pelo menos 15 minutos. Pra mim, o pulo do gato é esse. Bater ad aeternum . Depois deixe descansar até que a espuma suba e se separe do resto do creme. Despeje na forma com cuidado. Leve ao forno pre-aquecido a 180º C em banho-maria frio.  Deixe assar até que a superfície doure, faça o teste do palito. Se sair mais ou menos limpo, está no ponto. Deixe esfriar para desenformar. Ou faça antes e desmorone tudo.

 

 

 

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