Se tem um ingrediente que já foi cantado aqui no Brasil é o tal do feijão. Só o Chico, o Buarque, já enfiou o bendito num sem números de composições.Tem até a ode à feijoada que já passou por aqui no Sem Medida. E não que ele tenha me perguntando, mas eu concordo. Gosto tanto de feijão que chega dói. Tô com o Chico inclusive na saudade que sinto do cozidinho quando fico longe.
Gosto de feijão de todo jeito. Preto, branco, rajado, bolinha, roxão, carioquinha. Gosto cozido, no mexido, na sopa, na salada, no tutu e no tropeiro. E claro, mais que tudo, na feijoada. O melhor parceiro do arroz, a liga que conecta e dá sentido ao PF. Além de untuoso, é nutritivo. Pensa em quanto feijão você teve que comer pra ser considerado uma pessoa respeitável?
Essa receita é tão gostosa, tão barata, tão fácil, tão magra, que não sei dizer, só sentir.
Sei lá gente. É a anti-receita!
Tanto que os piores inimigos da atual humanidade não estão lá: glúten e gordura. Sério!
Mas….é, sempre tem que ter um mas: tem que sujar o fogão! E sujar bem.
Isto posto, façamos escolhas e sigamos em frente.
Junte umas 20 dilmas/temer/cunha/calheiros/os cara&#**@¨%$tudo e bora para a feira.
Lá você vai adquirir 1 saquinho de mandioca por 2 ou 3 merréis, coisa de meio quilo.
Na barraca da frente você pega o filé suíno, que já custou menos de 10 pilas o quilo. Agora 10 dá meio, mas serve. Leva. Não sem pedir pra dar uma limpada nas pelancas antes.
Em casa você enche uma caçarola d’água coloca sal, cheiro verde uns dois dentes de alho e bota a mandioca pra cozinhar até ficar amarela e macia. Se ela for da boa vai cozinhar em 15, 20 minutos.
A ruim não cozinhará jamais. Mas tudo bem. Se isso rolar, você aquece uns dois dedos de óleo e frita. Sim, frita por imersão. Cometa esse misto de coragem e vandalismo. E lembre-se que mandioca até quando é ruim é bom.
Enquanto isso, vai pra carne. Corta as pontas (e guarda porque rende iscas para futuros sanduíches) para ficar com essa cara ai de cima, uma torinha. Aquece uma frigideira muito grossa ou chapa de ferro untada com azeite coloca o bichão.
“Mas Lara, Lara, eu não tenho frigideira grossa, nem chapa.” Então pegue sua frigideira réba e coloque meio dedo de azeite no fundo e deixe ficar bem quente. Relaxa, esse óleo não vai deixar a carne pesada. Só vai ajudar a dourar e fazer crosta (que é a busca que guia nossa existência na terra).
Com a ajuda de uma pinça (que você não é besta de se queimar, tá?) vai girando e dourando, girando e dourando, girando e dourando…
Pode ser que pegue um pouco de fogo. Mas relaxa que não persiste. Só ajuda a dar gosto.
Vai virando.
Junte a mandioca cozida cortada em pedaços grandes para que ela pegue um gostinho de carne.
Bota uns ramos de salsinha e mini-tomates bem frescos que você também trouxe da feira.
Tá, tá, eu sei que não tá fácil, mas eu sou do grupo do copo meio cheio e acredito que já esteve bem pior. Nós enquanto humanos temos a incrível capacidade de fazer m* e ao mesmo tempo fazer coisas brilhantes. E a boa notícia que tenho pra você é que tem muito mais gente tentando acertar que gente insistindo no erro.
E não, não sou Pollyanna eu só sei contar. Conte o número de gente bacana com as quais você convive? Eles são maioria né? Viu que beleza? Mas o ponto é que essa galera anda meio desanimada e precisando de reforços.
Por isso, hoje a receita de hoje é parruda e cheia de sabor. Bora investir no viço que vocês estão precisando de tutano!
Como estamos na semana do Burguer Fest aqui em SP, juntei tutano e hambúrguer para dar força e alegria pra esses cérebros descompensados.
Escolha um corte bovino magro, eu usei peixinho. Mas vale patinho ou coxão duro limpo. A ideia é equilibrar a gordura do tutano e dar sabor à carne. A proporção é de 20% do peso de carne. Ou seja, para um quilo de carne, acrescente 200g de tutano. Os mais ousados podem chegar até a 25%. Se quiser que fique mais leve, reduza para 15%. Misture os dois, mas tente não manipular tanto para não derreter o tutano e deixá-lo todo na sua mão.
Faça discos de umas 100g, 150g. Eu fiz menor porque quis que ficasse um mini burguer. E levei à frigideira antiaderente. Sem óleo, só bem quente.
Coloque sal (só tempero no final porque prefiro) e deixe descansar um pouco (4min) para que os líquidos internos da carne agitados pelo calor se acalmem. Isso é essencial para não encharcar o pão.
Tá osso. Mas tá muito osso mesmo! E olha que o Natal nem chegou ainda. Daí que em tempos que até as vacas (magras) já foram para o brejo, tudo que nos resta é ficar em casa chorando miséria. Opa, chorar miséria jamais!
O Sem Medida te ajuda a manter o bom humor a base de comida com receitas baratas e gostosas. Junta o bonde, faz uma vaquinha (olha elas aí de novo) e come que passa!
Abaixo, 20 receitas bapho que vão fazer você se sentir MILIO mesmo em tempos de arroxo. Aí você economiza e guarda o 13º pro espumantchy da virada. Afinal, antes de rolar na areia tem que ficar loka, muito loka.
Carne: A carne é cara. Mas tem N preparos que podem fazer render o bife nosso de cada dia. E eles são todos deliciosos.
Picadinho ao Molho Ferrugem: era simples, virou hype e tem restaurante que cobra até 80 dilmas no prato individual. Vem que aqui sai por 10 reais por cabeça. Só não pode comprar filé mignon.
Churrasco de fogão (Fraldinha na frigideira): A fraldinha já foi mais em conta, mas ainda dá pra achar umas por no máximo 25, 30 o quilo. O troco você compra umas cenouras e um arroz pra fazer o acompanhamento.
Shepherd’s Pie (Torta de Carne Inglesa): O nome é chic, mas é comida de reaproveitamento no Reino Unido. Geralmente feita com sobras de cordeiro assado no Natal. Um tipo de escondidinho gringo. Maravilhoso. Aqui eu fiz com carne moída, mas vale usar qualquer carne que tenha sobrado na sua geladeira.
Polpettine ao curry verde de legumes com cuscuz marroquino: Essa é mais que maravilhosa. Almôndega é um truque bacanérrimo pra fazer render carne com estilo. O mais caro aqui é o cuscuz que vai sair uns 10 pilas a caixa e alimentar todo mundo com fatura. Vale cada centavo.
Galeto assado com batatas: Aqui você nem precisa saber cozinhar. É só não estragar o ingrediente. Dois galetinhos servem 4 pessoas tranquilamente. Se tiver gatinhos no rolê, compre um franguinho extra pros meninos mais gulosos.
Panelinha de Bacalhau: Essa eu criei numa páscoa semiárida. Uma bandeja de 300g de lascas bacalhau (sempre muito mais baratas que as postas) rendem uma baciada de comida deliciosa. Vai na minha e seja feliz. Ah! É um prato que se você tacar umas uvas passas ele vai direto para a mesa da ceia. Olha ai!
Peixinho empanado no fubá de milho: Não é bem uma prato. Mas tem dia que a gente só quer petisco mesmo. E esse daqui é coisa linda de deus. Você vai na feira e pede de 2 kg a 3kg de peixinhos como lambari, trilha, manjuba, porquinho. A maioria custa em torno de 10, 15 reais o quilo. Com o troco você garante o fubá e o limão. Só não esquece de pedir o peixeiro para limpar e abrir o peixinho estilo borboleta. Se não tiver peixeiro, faz essa outra versão aqui, com o peixinho inteiro. Curry de peixe Aqui também é mara. O ideal é usar o cação, talvez o filé mais barato da feira. É daqueles peixes que assumem o gosto do molho, porque né? Ele mesmo não tem gosto de nada. E como aqui o curry já vai transformar todo mundo em curry, manda ver no cação. Rende e é delicioso.
Salada picante de penne com sardinha: Larga de ser cafona e para já de achar que comer sardinha é pobrice. Sardinha é lindo, é amiga da natureza, é sabor, é Brasil no prato. Pobrice, inclusive de espírito e cultura, é acreditar que salmão multante é chic. Vá à feira, compre sardinhas por 8 dilmas o quilo, EU DISSE OITO DILMAS, é faça pratos maravilindos com esse peixe delicioso.
Copa Lombo Assado com Cuscuz Nordestino: Prato gênio pois exige habilidade e esforço zero. E o quilo da copa lombo custa coisa de 13 reais. Faça para o natal da família e esmerilhe a chapeleta de geral na ceia com seus novos dotes culinários. De nada!
Nhoque de batata doce com fonduta de queijo de Araxá e tomate concassé: Quem não come carne já economiza uma grana. Por isso, pode dar uma abusada na elegância. Investir em queijos e vegetais de melhor qualidade. Essa receita é um exemplo disso, queijo brasileiro de origem e vegetais como estrela do prato. E mal precisa de fogão.
Risoto de Tomate com Manjericão e Queijo: Juro, essa não chega a custar nem 40 reais. Olha a conta: 12 do arroz, 7 das latas de tomate pelado, 3 do manjericão, 5 da manteiga, 10 da muçarela de búfala… Huum, 37 dilmas!!! Duvida?
Paella Vegetariana: Essa é daquelas que 100g de cada coisa rendem 10 quilos de comida. Saborosa, nutritiva e acima de tudo gostosa. Porque o que importa mesmo na comida é isso. Dá trabalho, demora, mas é deliciosa. O preço pode variar por causa da açafrão que é caro. Mas se tiver pobre, use cúrcuma (olha a BGéo aí de novo). Não é a mesma coisa nem de longe, mas também fica gostoso.
Ai que complexo! Você pensa ao ler o nome da receita. Pois eu vos digo que não é. Chega a ser meio tosca até. O importante aqui é escolher um bom corte, um fornecedor de qualidade e desapegar da sujeira que vai fazer no fogão e do cheirão de bife pela casa. Aliás, né? Cozinhar exige certo desapego. Comida boa, mas boa mesmo, requer certa “gordurância” no sagrado lar da família brasileira. Então bora que essa é das boas.
O importante é que se você procurar por raquete, que provavelmente vai encontrar. Se não, tente: raqueta, sete, ganhadora, língua e segundo coió. Lá fora pode ser marucha (espanhol), paleron (francês) e blade clod (inglês). E peça ao açougueiro para tirar o “nervo” (tecido conjuntivo) do meio da peça. Pronto. A receita ta quase pronta.
Mas Larissa, na minha cidade, bairro, rua, não tem raquete. Vale fraldinha, maminha ou filé mignon. Mas estas opções são mais caras dependendo de onde você mora. Vamos ao preparo.
Antes de começar a carne, corte as batas em cubos grandes e cozinhe por 4 minutos no máximo. Depois ligue o forno alto. Leve as batatas a uma assadeira, regue com azeite para que fiquem bem untadas. Tempere com sal, pimenta preta e a erva de sua preferência (alecrim, orégano e salvia funcionam). Deixe assar em fogo alto enquanto prepara a carne.
Vire a pela e faça o mesmo do outro lado. Retire do fogo e deixe a carne descansar. Retire as batatas do forno e sirva acompanhando de uma boa maionese ou um delicioso molho bernaise.