Muita gente tem me perguntado sobre o ceviche de caju.
É salgado?
Leva peixe?
Fica bom?
Então. Não tem muita regra aqui não. O Sem Medida, é sem medida porque a redação é meio que narrador personagem e expectador participativo. A gente joga o tema e você desenvolve como quer e como pode.
E também porque, né? Se tem camarão a gente usa! A regra é bem clara no manual da alimentação dos brasileirinhos trabalhadores. Pode ver a galera no quillão quando dá de cara com comida cara. Enche o pote.
Os vegetarianos podem substituir o camarão por uma linda linda pupunha fresca grelhadona. Vai brilhar até na lua.
Então vamos ao preparo. Lembrando que a parte mais difícil da receita é encontrar um bom caju pra comprar, isso se você estiver no Sudeste. Lá pra cima eles caem na sua cabeça na rua.
1 – pique o caju em cubos
2 – pique a cebola em lâminas o mais finas possível e coloque de molho na água gelada.
3 – pique o contro. SIM! Tem que ter coentro no ceviche. Quero ver você ir la no La mar no Peru e ficar de frescura porque tem coentro no ceviche. Aceita o coentro no seu coração, ele vai operar milagres de sabor na sua vida.
4 – Escorra a cebola, junte tudo, tempere com sal e suco de limão suficiente para gerar um caldinho na receita. Pronto para o vegans. Você que não come carne pode parar aqui e ser feliz.
5 – Tempere os camarões lindos com sal e pimenta e grelhe em azeite. Sirva com o ceviche.
6 – Ouça os aplausos da torcida e corra para o abraço.
O ceviche é um prato que não precisa saber cozinhar para preparar. Não precisa nem ter fogão, veja. Ou seja, se você conseguir administrar uma faca ou arrumar alguém que pique tudo, você terá um ceviche.
Para esse, com corvina e caju, você não precisa nem de muito dinheiro. Uns 20 pilas dá pra fazer ceviche para 2 pessoas comerem a lot.
A curvina é um peixe delicioso e barato. Eu paguei 10 pila no quilo na feira. Peça o peixeiro para preparar filés e, se tiver intimidade com ele (essa é uma excelente pessoa para se ter intimidade na sua vida), já peça pra cortar em cubos ceviche style. Diga que na sua casa não tem faca boa, faça um charme, um drama. Por último, ofereça propina. Mas vai dar uma encarecida no prato e pode pegar meio mal se o cara for do tipo honestão.
Passe na barraca ao lado e pegue 1 cebola roxa e um maço de coentro (não, salsinha não dá na mesma).
Isto posto, pronto, vá pra casa, qualquer casa que tenha limão. Aliás, se não tiver limão na sua casa, mude de casa. Todo mundo TEM QUE ter limão em casa.
Em casa, você vai:
1 – picar o peixe em cubos de 1 cm2 , caso o peixeiro não aceite propina.
2 – picar o caju em cubos do mesmo tamanho do peixe.
3 – picar a cebola em lâminas o mais finas possível e colocar de molho na água gelada.
4 – picar o coentro. SIM! Tem que ter coentro no ceviche. Quero ver você ir la no La Mar, no Peru, pagar de foodie e ficar de frescura porque tem coentro no ceviche. Aceita o coentro no seu coração, ele vai operar milagres de sabor na sua vida.
5 – Temperar o peixe com sal e 1 colher de café de pimenta dedo de moça beeem picadinha (se for sensível tire as sementes) e juntar 4 pedras de gelo. Por quê? Além de manter seu ceviche deliciosamente geladinho vai ajudar a dar uma cozinhada no peixe.
6 – Escorrer a cebola, juntar tudo, tempere com sal e suco de limão suficiente para gerar um caldinho.
7 – Deixar marinando por uns 10 minutos até o peixe mudar de cor, ficando meio esbranquiçado.
8 – Servir com mandioca, batata, ou batata doce cozida.
9 – Ou comer puro mesmo. Sozinho, escondido em baixo da cama para não ter que dividir com ninguém. É o que eu faria.
Pensa num ceviche, só que cortado bem fininho todo trabalhado no aji amarillo. Ou num sashimi virado no Jiraya. Então, esse é o Tiradito. Essa é a mistura do Peru com o Japão. Não rima, mas também requer charme pra dançar bonito. Tá, o trocadilho foi horripilante, mas a receita, aaaaaaaaaaaaah. Essa é maravilhosa.
Resultado da influência dos imigrantes japoneses na América Andina, esse prato é do tipo que você faz com o pé nas costas e finge que é difícil.
As boas línguas antagonizam sobre os ingredientes do Tiradito. Há quem coloque cebola e quem a renegue (alô @caolivo!), quem ponha fé na marinada mais prolongada e até quem sirva imediatamente, bem cru, sobre o molho amarelo vivo caliente.
Para dançar junto é consensual convidar a batata doce. Opcional na balada, o milho cozido. Obrigatória só a fome de peixe. Eu, como tinha recém chegado do Peru (na ocasião das fotos) e trazido na mala choclos e essa batata doce laranja choc. Os peruanos e os milios brasileiros podem inclusive substituir o peixe por vieira e até dar uma seladinha (vulgo dourada) nos nadantes.
Mas vamos lá pra receita.
Corte o peixe bem fino em tiras. Escolha um peixe com fibras mais molinhas. Se tiver dúvidas, pergunte ao peixeiro. Aliás, tenha um peixeiro amigo, isso faz diferença.
Eu marinei no limão com uns cubos de gelo.
Em uma bacia eu misturei aji amarillo, folhas de coentro, cebola em tiras (à julienne) e uma pasta de aji amarillo que eu tinha em casa da mala tensa que trouxe de lá.
Acerte o sal e seja uma pessoa civilizada que serve o Tiradito alinhando como dele ver. Ou faça a latina louca como eu e misture tudo, molho e peixe, e sirva assim, descompensadamente. As batatas devem devem ser assadas nesse caso. Mas isso, eu conto logo mais, noutro post.
Vocês devem ter notado que essa semana eu não postei. Estou mudando de casa, para uma casa, mesmo. E isso, se você já morou em casa, sabe que envolve um milhão de perrengues que um apartamento nem de longe apresenta. Eu to com a vida em caixas de papelão. Com a atenção dividida entre o cara que vai montar o guarda-roupas, o pedreiro e o rapaz da prateleira da cozinha. Nessa de visitar mais a Leroy Merlin que o mercado. De descobrir vazamentos, falhas na parte elétrica e detetizar a casa, tive que deixar o blog de molho. Acho que nunca tinha ficado uma semana inteira sem postar.
Eis que nos 47 do segundo tempo, o pessoal do Questo|No me dá o presente mais legal o ano. O vídeo que eles fizeram comigo como parte do projeto Q|N Lab na Mesa. Por indicação da minha amiga Raquel, do Gordelícias, eu fui láno Lab preparar um ceviche caipira pros meninos e, em troca, ganhei esse filme lindo, onde eu conto um pouco da minha história, do meu amor pela comida e do blog. Espero que gostem!
É caipira porque o peixe é de água doce. O bom e velho pintado, que eu amo desde quando meus dentes ainda eram de leite. Trata-se de um peixe de couro, sem espinhos pequenos, carnudo, cabeça achatada e volumosa tomando boa parte do corpo. O nome se deve a estampa do seu couro cinza coberto de bolinhas pretas. Nada no fundo dos rios e tem bigodes longos e uma das melhores carnes de peixe que existe.
Os de cativeiro não passam de 4kg, mas os selvagens podem chegar 1m de comprimento e pesar entre 60 kg e 80 kg. Há registros de alguns peixes com mais de 2m pesando 100 kg. É mais comum nas bacias do rio São Francisco, Amazônica,Prata e em abundância no Rio Paraná. Menos na parte brasileira onde infelizmente o pinatdo foi praticamente dezimado pela pesca predatória.
Na Amazônia peruana é chamado de Doncella, que quer dizer donzela (moça virgem). Não por acaso, sua carne macia e rosada, compõe diferentes receitas por lá. Uma delas o Ceviche La Doncella, descrito no livro Ceviche – do Pacífico para o mundo (ed. Senac) da minha amiga jornalista e especialista em ceviche Paty Moll, que leva um molho verde que leva coentro e leite de coco. Deliciosa!
Aqui, eu fiz uma versão mutcho loka que leva, pasmem, jiló, pimenta de cheiro e limão galego. Mantive a dedo-de-moça para dar ardência. Para acompanhar chips de mandioca. Bora pro preparo.
Fatie os temperos em lâminas finas. A cebola em pétalas, o limão ao meio e pimenta de cheiro em rodelas.
Corte o jiló em pétalas também.
Eu como sou esperta já pedi o peixeiro pra fazer os filés, mas deixei a pele porque poderia mudar de ideia e faezr o peixe grelhado. Nesse caso com pele é melhor (além de deixar mais saborosa a carne, evita que resseque). Mas você pode inclusive pedir para tirar a pele se for mesmo fazer ceviche. Corte o peixe em fatias pequenas.
Divida os ingredientes em tigelas. Cubra a cebola e o jiló com água gelada e uns cubos de gelo. Isso vai evitar que escureça o jiló e deixará tdos mundo crocante.
Comece temperando o peixe com sal. Ele sempre deve entrar antes do limão para conseguir penetrar no peixe. Junte as pimentas e uns 3, 4 cubos de gelo. Despeje o suco de uns 6 limões (se quiser pode colocar mais limão)
Junte o jiló e a cebola e misture bem (vira quase uma salada de tão rico). Acerte o sal e sirva com chips de mandioca. Basta cortar a mandioca em lâminas finas, lavar bem, secar e fritar em óleo quente.