Hoje é dia de mais um post para o especial Queijos Brasileiros aqui no Sem Medida. A brincadeira é que a companheira e também escriba, Rachel Bonino coloque lá no seu Sacola Brasileira tudo sobre um ingrediente em questão e eu daqui faça uma receita com o mesmo. Dessa vez vamos de Queijo da Serra do Salitre. As infos do queijo estão aqui.
A Rachel me trouxe um exemplar maravilhoso direto de Minas, das suas férias percorrendo a rota dos queijos. Nessa, eu muito pensei até que cheguei numa receita que é a cara de Minas. Uma combinação tradicional que fez parte da minha infância: angu de fubá de milho, frango caipira e ora-pro-nobis. Para quem não sabe o que ora-pro-nobis, o glossário explica.
Comece refogando 300g de frango desossado (usei sobrecoxa) tempeado com alho e pimenta. Deixe dourar bem e depois acrescente uma dose de chachaça para flambar. Se tiver medo, apenas deglace o fundo da panela e espere uns minutos até o cheiro de álcool evaporar. Junte um punhado de folhas de ora-pro-nobis (eu usei brotos, mas vale a normal fatiada). Reserve o frango.
Prepare o angu cremoso juntando 1 copo americano de fubá de milho a 1 copo america de água quente. Deixe ferver mexendo sem parar até que fique bem grosso. Coloque 1 colher de sobremesa de manteiga e 150 gramas de queijo da serra do Salitre ralado. Mexa bem atpe incorporar tudo. Reserve.
Unte com um fio de azeite as cumbucas individuais (certifíqui-se que são resistentes ao fogo) ou em um refratário unico monte o escondididinho. Coloque uma camada de angu cremoso, uma de frango e cubra com mais angu.
Salpique mais queijo ralado sobre os escondidinhos.
Leve ao forno para gratinar até que fique bem dourado.
Mas é imporatnte ressaltar que esse imigrante pioneiro é só um dos vários produzidos nas regiões mineiras com tradição de queijaria. São elas: Araxá, Serra do Salitre, Serra da Canastra, Cerrado, Serro, Campo de Vertentes e – a recém-determinada – Triângulo Mineiro.
Eu particularmente, prefiro o Canastra mais curado. Inclusive sou fã dos experimentos do Bruno Cabral, o Mestre Queijeiro (se ainda não conheça, faça uma visita, você não vai se arrepender). O Bruno leva a sério esse negócio de queijo brasileiro. Tem uma enorme variedade deles lá e ainda matura, banha na cachaça, na cerveja, namora, noiva e casa com os queijos. Lá você encontra a maioria dos representantes da aqueijaria nacional além de novidades como os caprinos, a base de leite de cabra.
Mas voltando ao Canastra mais curado. Gosto para comer puro com café, para ralar sobre a massa e gratinar escondidinho. E gosto também para assar biscoitos no lugar do famigerado parmesão. Os detalhes do queijo, você vê lá no Sacola Brasileira, acá temos a receita.
A Maravilha de Queijo merece um capitulo a parte. Eu conheci essa receita antes de conhecer a sua dona (quem me passou). A Tia Fatinha, mãe querida do meu amigo/irmão Laércio, que junto com Paloma e Fernanda, me apresentaram Belém, suas casas e suas famílias. Coisas que só quem já dividiu casa com não parentes entende. Todo mundo vira meio irmão, querendo ou não. As mães se revesam no cuidado com os romates dos filhos e nos adotam e mandam quitutes.
E entre os quitutes da Fatinha vinha farinha fina, maniçoba e maravilhas. De queijo. De tanto eu pedir ela digitou, imprimiu e me mandou em detalhes a receita. “Larissa, minha rosa, é difícil, tem que ficar de olho e virar sempre pra não queimar”. “Pode deixar tia!” E nessa eu demorei anos sem fazer se quer uma vez essa receita.
E agora, quando estava procurando uma bolachinha para os jantares secreto, algo para deixar um gosto bom de saudade na boca, desenterrei as maravilhas. O papel tava lá intacto, na pastinha de receitas (sim, em pleno 2014 eu cultivo uma pasta de receitas que não consigo jogar fora. Tem até rótulo de lata de leite condensado).
Justo no ano que Fatinha no deixou. ;-(
Desde então, o papel ganhou mais força pra mim. Tá surrado, manchado, como toda receita boa deve ser. Eu já nem sigo. Mudo, estico, encolho, mas sempre abro e deixo do lado.Só para lembrar da mãe querida do meu amigo. Porque gente boa é como receita, deixa saudade e um gosto bom na alma.
Bora fazer Maravilhas!
Ingredientes
Massa:
250g de manteiga sem sal
1 xícará de chá de leite
1/2 kg de farinha de trigo
1 colher de sobremesa de fermanto químico
1 colher de sobremesa de sal
1 folha de papel manteiga
Recheio:
150g de queijo da Canastra curado (ou parmesão)
100g de manteiga sem sal
Preparo:
Misture o leite e a manteiga. Depois misture o fermento e aos poucos acrescente a farinha até dar o ponto, que é quando a massa desgruda da mão.
Divida a massa em duas partes iguais. Com a ajuda de um rolo ou uma garrafa abra a massa como um retângulo. Depois enrole no rolo para movê-la para cima da folha de papel manteiga. Desenrole a massa sobre o papel. Repita a mesma operação para a segunda parte da massa. Para o recheio misture o queijo e a manteiga até virar uma massa uniforme. Coloque esse recheio sobre a massa aberta. Enrole como um rocambole.
Envolva o rocambole com a folha de papel manteiga, torcendo bem as pontas. Com cuidado leve ao freezer por uns 30 minutos ou até endurecer. Ela tem que estar bem firme para que se consiga cortar em rodelas. Asse em forno médio (200 graus) até dourar um lado. Vire as bolachinhas e deixe dourar o outro. Elas assam super rápido, por isso cuidado. É coisa de 15minutos de um lado e mais uns 5 do outro. Sirva com café coado e com amor. <3