Receita: ricota cremosa a jato

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Ricota, ou ricotta, em italiano. Algo como re-cozido, ou cozido duas vezes. A ricota é nada mais que um subproduto resultante da produção de queijo que os italianos sabidamente aproveitam desde a Idade do Bronze. Simples assim. E agora eu vou te alforriar para todo sempre dos grilhões da ricota ressecada e sem gosto das geladeiras do supermercado do bairro. Sim, você pode e vai fazer sua ricotinha do amor. Vem comigo!

Mas antes um pouco de informação, porque nem só comida se alimenta o leitor do Sem Medida. Tem que fazer bonito na rodinha foodie também. Toma essa merenda:

1 – RICOTA NÃO É QUEIJO: Justamente por ser feita a partir do soro drenado na fabricação do queijo, como o requeijão, que a ricota não é considerada queijo. Visse? Mas nem por isso precisamos desprezar essa belezura. Principalmente quando ela é cremosa,  fresca e feita por você.

2 – LEITE TALHADO SEM DRAMA: No preparo original da ricota, o soro é aquecido até ferver com adição de algum elemento ácido (vinagre ou sumo de limão). Tudo isso para incentivar a coagulação, no populacho o famoso talhar. No tempo que leite era leite e vinha da vaca e não caixa esterilizada, esse momento era um drama familiar de desperdício. Na minha casa, mamis fazia um doce de leite talhado que é de chorar de saudade.

3 – PROTEÍNA DO AMOR: Talhar significa apenas que a proteína do leite se separou do líquido formando aquela massinha sólida boiando na água amarelada. Essa massinha magya, também chamada de coalho, é tipo um demi queijo. Bem a grosso modo, é dela que partem todas as maravilhosidades queijísticas que conhecemos e amamos.

4 – QUALQUER LEITE: até o leite mais surrado pela indústria é capaz de gerar ricota. De saquinho, de caixinha, de vidro vintage, de amêndoas e castanhas hipster.

Mas em casa, na minha e na sua, nós faremos a ricotinha básica da independência. Um processo bem atalhado de produção caseira de ricotas suculentas e cremosas salve salve, SEM PRECISAR partir do soro do leite que sobra do queijo porque:

1 – NÃO FAZEMOS QUEIJO EM CASA: ainda não cheguei no modo Jedi da minha existência culinária que significa produzir meu próprio queijo em casa.

2 – TEMOS PREGUIÇA: é mais fácil e rápido fazer a ricota em casa a partir do leite integral

3 – SOMOS PROBRES: com o leite rende mais ricota e gasta menos gás

Vem gente!

Comece colocando 1 litro de leite integral na panela para ferver com uma pitada de sal.

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Quando começar a ferver esprema 1/2 limão no leite, sem sementes.

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O leite vai talhar em pouco tempo. Mantenha o fogo ligado, mas agora mais brando.

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Quando ferver novamente desligue.

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Forre uma peneira com um pano limpo e fino e coe para separar o sólido do líquido do leite que a essa altura já deve estar bem coagulado.  Salve o soro pois ele é útil em marinadas de carne e frango, sério, em breve ensino aqui.

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Quanto mais tempo você deixar drenando mais sequinha ficará a sua ricota.

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ricota_julio_cersar_soares_semmedida11Coloque essa massa de queijo em um recipiente. Eu quis deixar bem em foma de queijinho. Por isso usei esse ramequim.

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Mas pode ser qualquer recipiente. Ideal que seja de vidro e com tampa para guardar na geladeira e ir consumindo aos poucos.

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Olha que lindeza de queijinho falsiane você pode fazer?!
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Para uma versão cremosíssima você pode:

1 – ACRESCENTAR GORDURA: acrescentar umas duas colheres de creme de leite fresco a massa final antes de transferir para o recipiente em que vai armazená-la. Desse jeito é mais difícil de errar rende mais pois o creme dá mais corpo à massa final.

2 – ACRESCENTAR MAIS GORDURA: acrescentar 1/2 xícara de creme de leite fresco ao leite lá no começo, antes da fervura. Desse jeito fica cremosa, mas mantém a leveza, mas pode demorar mais mais para coagular e separar o soro.
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De todo jeito, essa será a melhor ricota da sua vida. Fresca, boa de comer morninha assim que ficar pronta, na torrada, no pão, no crostini.

Ou para compor molhos, recheios de massas e hidratar as mãos. Ainda mais se você conseguir um glorioso leite de cabra! #brinks. Vamos só comer que é o que faz mais sentido mesmo. ;-)

Em breve eu publico aqui o gnud, um nhoque (obviamente falsiane) de ricota, ridículo de fácil. Ideal pro povo anti-glúten.

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Panna Cotta Vegetariana com Amarena

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Panna Cotta é uma sobremesa italiana deliciosa à base de creme de leite e baunilha que leva, na receita tradicional, gelatina incolor. Quando me tornei vegetariana em 2011 parei de comer gelatina (feita à partir de ossos e restos de vacas e porcos ) e, consequentemente, abri mão de muitas sobremesas que adorava. Panna cotta significa creme cozido, e essa sobremesa, assim como a maioria dos pratos italianos, prima pela simplicidade do preparo e pelo uso de poucos e bons ingredientes.  

Para conseguir uma textura interessante para a panna cotta, fiz alguns testes com ágar ágar. Tive um pouco de dificuldade em acertar a quantidade, porque se exagerar no ágar ágar a sobremesa pode ficar muito dura. O agar-agar é um extrato feito à partir de algas marinhas e é muito saudável, além de praticamente sem calorias. Após ser fervido com algum líquido o ágar-ágar se gelifica sem precisar de refrigeração. Chamado de kanten pelos japoneses, é muito utilizado em doces, misturado com feijão azuki ou com algum sabor de fruta. Já falei de Agar-agar aqui no blog.

Para a calda, sabores azedinhos como caldas de frutas combinam muito bem. Da minha viagem à Italia trouxe uma amarena, uma cereja mais ácida com um sabor muito especial. Queria usá-la de todo jeito, então aproveitei para a calda da sobremesa. Talvez não seja muito fácil encontrar amarena por aqui, mas já vi em alguns empórios na Rua Santa Rosa. A outra opção seria preparar sua própria calda de morango, frutas vermelhas, maracujá ou do que preferir, apenas aquecendo as frutas com um pouco de água e açúcar.

Ingredientes:
½ litro de creme de leite fresco
½ litro de leite integral
12g de ágar-ágar
200 ml de água
½ xic de açúcar (se gostar mais doce coloque ¾ xic)
1 fava de baunilha ou 1 colher de sopa de essência
Amarena ou outra fruta vermelha em calda

Modo de fazer:
Com a ajuda de uma faca, abra a baunilha e raspe as sementinhas, colocando tudo, inclusive a fava em uma panela. Adicione o açúcar, o creme de leite e o leite leve ao fogo, misturando de vez em quando com delicadeza para não fazer muita espuma, até quase ferver.

Em uma panela pequena, misture o agar-agar na água e deixe ferver por 3 minutos, mexendo sem parar. Coloque imediatamente na mistura de leite. Se formar grumos, bata com um mixer ou no liquidificador. Passe por uma peneira. Distribua em copinhos quase ate a boca e leve a geladeira por 2 horas. Para servir, cubra cada panna cotta com uma colher de sopa de amarena.

*Marina Kawata é jornalista e especializada em gestão de empresas, mas é na cozinha que encontrou sua paixão. É vegetariana e acredita que a alimentação saudável é a chave para a saúde, desde que a comida seja gostosa!